Toxicomania Na Era Moderna - A toxicomania (dependência química) nem sempre foi vista como uma doença e sim como sintoma de outras doenças, como esquizofrenia, psicopatia, etc. O tratamento das toxicomanias, por ser encarado como sintoma de outras doenças, era medicamentoso e como conseqüência, o dependente químico não se desintoxicava, e na maioria das vezes desenvolvia outras doenças devido ao abuso de medicamentos. Evidentemente, o dependente químico não respondia satisfatoriamente a esse tipo de tratamento e o quadro clínico do cliente sempre se agravava, levando à internações prolongadas.
Após pesquisas em 1949, descobriu-se que apenas 10% das pessoas que usavam químicos desenvolviam a dependência química. Isso derrubou a hipótese de que a causa da dependência química fosse o uso do químico. Também neste mesmo ano, a Associação Médica Americana (AMA) reconheceu a dependência química como doença.
Em 1960, a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhece a dependência química como uma doença, dando os códigos no CID (Código Internacional de Doenças) de 303 para alcoolismo e 304 para toxicomania. Atualmente, na nova classificação, o alcoolismo leva a numeração F10. Do F11 ao F18 são para substâncias psicoativas específicas e F19 para o uso múltiplo de várias substâncias psicoativas.
A partir daí, a dependência química ficou conhecida e aceita como uma doença progressiva para muitos profissionais da área de saúde e que só progride enquanto houver uso do químico. Foi considerada uma doença incurável, pois se não se sabe a causa exata deste fenômeno. E ficou claro que é uma doença fatal, pois mata física, mental e espiritualmente. Por isso é dita como uma doença multifatorial, atacando o indivíduo em todas as áreas de sua vida.
Características Da Dependência Química:
ü Perda de Controle – Com a defesa do uso por parte do usuário, existe uma facilitação da progressão da doença.
ü Dependência Patológica – Em abstinência o dependente sofre com a Síndrome de Abstinência.
ü Uso Apesar das Conseqüências – O usuário desenvolve um grande e sofisticado mecanismo de defesa.
ü Compulsão – Caracteriza-se pelo uso inoportuno, imprevisível, excessivo e freqüente. É sempre bom lembrar que, Compulsão é diferente de vontade. Compulsão é um processo físico, enquanto que vontade é um processo emocional.
ü Negação - Caracterizado principalmente pelas justificativas do uso da substância psicoativa.
O Perfil Psicológico Do Dependente Químico
Þ Dificuldades em lidar com conflitos, seja internos, seja externos;
Þ Manipulador;
Þ Mentiroso;
Þ Não consegue visualizar seu potencial real; oscila pendularmente entre a impotência e a onipotência;
Þ Imediatista;
Þ A frustração lhe é insuportável;
Þ Não consegue reconhecer seus próprios sentimentos;
Þ Emocionalmente instável;
Þ Racionalização, projeção e a negação, são seus mecanismos de defesa, muito utilizados em situações em que se considera em "perigo";
Þ No seu relacionamento com o outro, é carente incondicional de aceitação e aprovação;
Þ Sensível;
Þ Inteligente em demasia;
Þ Altamente sedutor;
Þ Qualquer tipo de lei, limites ou figura de autoridade são por ele tripudiados;
Þ Se considera vitima da família ou da sociedade, ou de ambos;
Þ É inconcluente em seus planos e projetos;
Þ É indisciplinado por excelência;
Þ Seu código de valores é confuso e deturpado;
Þ É dependente psicologicamente de alguém, em sua maioria, da sua mãe ou de quem assuma este papel;
Þ É um ser angustiado, inseguro, com fortes sentimentos de culpa e fracos sentimentos de auto-estima;
Þ Sua identidade é tão confusa quanto a sua própria vida;
Þ “Quem sou eu, o que quero, o que sinto, como me relaciono com as pessoas”, são perguntas fadadas a respostas inconsistentes;
Þ Falta-lhe um sentido de vida; é como se nada tivesse sentido.
Traços Comuns Em Dependentes Químicos
Þ Critico;
Þ Argumentador, “sabe tudo”, é o “última palavra” (sim, mas....)
Þ Hostil (velado/aberto)
Þ Rebelde;
Þ Defensivo;
Þ Teimoso/resistente;
Þ Queixoso/lamentador;
Þ Questionador;
Þ Atrai atenções;
Þ Não comunicativo;
Þ Cético/pessimista;
Þ Desconfiado;
Þ Mentiroso/auto-enganador;
Þ Considera-se indigno de sucesso;
Þ Conivente/submisso;
Þ Cheio de razão;
Þ Retira-se quando se sente ameaçado;
Þ Confuso;
Þ Vítima/auto-piedoso;
Þ Agressivo;
Þ Apresenta significativa síndrome desmotivacional (principalmente em usuários abusivos de cannabis). Vive adiando decisões importantes de sua vida.
Fases Da Toxicomania:
1 – Fase Da Lua De Mel
Início – Primeiro contato com o químico (ver, presenciar o uso, relacionar-se com quem usa, etc). Sentimentos ligados à euforia, curiosidade e ansiedade.
Experimentando – Rituais para o uso, em segredo, com um grupo ou pessoa específica. Desejo de fazer parte. Nesse momento pode acontecer que o indivíduo não tenha uma boa experiência com o uso (passe mal, aconteça algo estranho ou diferente que ele não goste); com isso ele pode tentar novamente (mais freqüente), para experimentar novamente as emoções que havia tido antes do uso ou não mais usar.
Sentimentos ligados à ansiedade, medo, prazer, euforia.
Usa Somente Quando Lhe É Oferecido - Nessa fase o indivíduo não tem perdas emocionais.
Sentimentos ligados a fazer parte de algo, prazer.
2 – Fase do Hábito
Þ Usa mais freqüentemente. Surge sentimentos de culpa;
Þ Maior investimento financeiro; gasta mais com a substância de eleição do que antes, tendo como resultado disso, a falta de dinheiro para outras coisas “menos importante”;
Þ Uso mais intenso; “vira noites” (fins de semana). Início dos problemas familiares (conflitos).
Desenvolvimento e evolução de sentimentos de raiva, culpa, vergonha.
3 – Fase do Alívio
Þ Esquece trabalho e compromissos; a substância psicoativa passa a ter mais importância em sua vida;
Þ Mudanças de amigos;
Þ Não consegue parar de usar até a substância psicoativa acabar;
Þ Perdas cada vez mais significativas;
Þ Início de paranóias;
Þ Passa a usar sozinho para ter mais droga (o grupo não tem mais importância para ele como antes);
Þ Continua a busca por substâncias psicoativas lícitas e/ou ilícitas;
Þ Conviveo em meio social químico;
Þ Problemas graves com a família;
Þ Uso de substância psicoativa como remédio (alívio);
Sentimentos de raiva, medo, ansiedade e culpa;
Þ Cai na roda: uso → culpa/raiva → uso;
Þ Perda de controle em todas as áreas da vida;
Þ Não há mais prazer e sim constante busca de alivio;
Þ Esforços para controlar o uso, e às vezes para parar de usar.
Sentimentos ligados a fracasso, auto-piedade, raiva e culpa;
Þ Família e amigos afastam-se.
4 – Fundo do Poço
Þ Overdoses;
Þ Pensamentos e raciocínio prejudicados;
Þ Sintomas psicóticos;
Þ Degradação moral;
Þ Ruína financeira;
Þ Marginalidade;
Þ Idéias suicidas;
Þ Perda da família, amigos e trabalho;
Þ Paranóia intensa/comportamentos bizarros;
Sentimentos de auto-piedade (ligado ao fracasso), raiva e culpa;
Þ A substância psicoativa de eleição já não mais funciona (alivio)
Sentimentos de muita dor emocional e física
Þ Crise, levando à cadeia, hospitalizações e/ou morte, ou busca de ajuda.
Consciência de sua bancarrota total e busca de ajuda (ou não).
FLuizM
Conselheiro em Dependência Química
Rosa M T.Medeiros
Assistente Social
Conselheira em Dependência Quimica
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