sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

História/Religião/Comportamento Social

A IGREJA PISCOU - Em 1996, o CNBB recua no debate sobre a união de homossexuais - O avanço foi milimétrico, mas, para uma instituição como a Igreja Católica, de extrema rigidez em temas morais, equivale a um paso de sete léguas. Em questão, o homossexualismo, um dos maiores tabus do catolicismo. No dia 15 de novembro de 1996, ao depor na comissão da Câmara dos Deputados que examinava a legalização das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, o padre Leonard Martin deu o primeiro sinal de que a poderia moderar sua oposição à proposta, mediante algumas condições. O projeto de lei, de autoria da deputada IgrejaMarta Suplicy, do PT, não chegava a equiparar os milhares de uniões homossexuais que exitem no país ao casamento, como já ocorre em alguns países. Mas reconhece direitos como a herança e o acesso à Previdência. Martin, presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Moral na época, insinuou que a Igreja poderia negociar mudanças. O que a Conferência Nacional dos Bispos queria evitar é que o debate caminhasse no sentido de se cogitar a adoção de crianças por casais homossexuais. Na nova versão, proposta, haveria idade minima, de 25 anos, para os interessados em formalizar sua união com uma pessoa do mesmo sexo. A idéia divertiu o deputado Fernando Gabeira, do Partido Verde: "Por que não 24?", perguntou. Dois dias depois da palestra de Martin, a CNBB emitiu um documento cheio de sutilezas. Reafirmou que a Igreja define a família como "união indissolúvel de um homem com uma mulher" e exortou os deputados a repudiar leis "injustas" quanto ao assunto. O mais importante: sugeriu que se evitem ao máximo os "prejuízos" em decorrência da união civil, "se não houvr como evitar sua aprovação". Para Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, a mudança "reflete a tentência do baixo clero brasileiro, que não concorda com as posições da Igreja e é a favor da camisinha, do divórcio e da união civil".
Sandra Brasil Revista "Veja" 04/12/1996

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