sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Arguivo Histórico: Alta Estima

QUEM SE AMA VIVE MAIS - Você já reparou que aqueles que conseguem realizar seus sonhos nem sempre são os mais bonitos, inteligentes ou preparados? Na maioria das vezes, estar de bem com a vida é questão de auto-estima, é pregorrativa de quem encara o mundo sem medo porque, ao se olhar no espelho, gosta de sua própria imagem.
Pessoas assim podem até ter tudo para se declararem vencidas pela vida, mas se revelam monstros de resistência e bom humor.
Dois nomes logo vêm à mente: Darcy Ribeiro e Betinho. Ambos lutaram contra graves ameaças à saúde e, graças à vontade de viver, pareceram fazer milagres com o próprio corpo. Darcy recorreu a uma profissional para tratar de sua auto-estima e intermediar sua relação com os médicos. E o que é melhor: escolheu uma pediatra.
Por causa de fenômenos como os de Darcy e Betinho, médicos e cientistas estão pesquisando a influência da auto-estima elevada sobre o sistema imunológico do corpo humano. "A pessoa com auto-estima elevada mantém o organismo equilibrado, não sofre com stresse crônico e tem maior resistência às doenças", disse a psicóloga Magda Smangorzevski. Por isso, a receita da saúde está cada vez mais parecida com a da felicidade: gostar de si mesmo e dedicar a maior parte do tempo ao que dá prazer. Uma lição de vida que a bailarina Márcia Haydée e o navegador Almir Klink puderam esbanjar. "Só consegui passar meses sozinho no oceano porque gosto de minha companhia", disse Klink. ESCUDO CONTRA DOENÇAS - Quanto maior a auto-estima, melhor a qualidade de vida. Segundo especialistas, aprender a amar a si próprio e estar de bem com a vida são os principais aliados contra doenças, como a depressão e o câncer. Na opinião de pesquisadores, a auto-estima pode atuar como um escudo, fostalecendo o sistema imunológico e previnindo ataques de micro-organismos. O médico José Kogut, vice-diretor do Instituto Nacional do Câncer - Inca (1995), afirmava que o paciente com auto-estima alimenta-se melhor, preocupa-se com a higiene e tenta levar uma vida mais saudável. "Minha experiência, ainda sem comprovação científica, é baseada apenas na observação constante dos casos clínicos. Há casos de pacientes com elevada auto-estima que aumentam sensivelmente sua sobrevida. Sabemos que mulheres submetidas a cirurgia de reconstrução de mamas têm melhor qualidade de vida porque reforçam sua auto-estima", dizia. Também o infectologista e clínico André Lomar acreditava que um indivíduo com auto-estima reforça suas defesas contra doenças. Ele citava como exemplo os casos clínicos de depressão.
"A pessoa com auto-estima elevada luta contra a doença ao lado do médico e não apesar dele", acrescentava.
Um trabalho publicado em 1994 pelo psicólogo americano Arthur Stone, da Universidade de Nova York, mostrou que prazeres do dia-a-dia podem fortalecer o sistema imunológico. Segundo o pesquisador, conversar com os amigos, participar de festas, almoçar em paz com a familia, ter momentos de lazer e satisfação no trabalho são tão eficazes quanto medicamentos.
Stone e sua equipe concluíram que há forte ligação entre eventos considerados agradáveis e o aumento de moléculas de defesa do organismo. As alegrias em casa com a familia são os maiores responsáveis pela produção de anticorpos. O psiquiatra Antônio Egydio Nardi lembrou que havia estudos indicando que a baixa auto-estima é responsável pelo aparecimento de doenças. Uma das hipóteses estudadas pelos pesquisadores é a de que mostra que o hormônio corticóide (produzido pelas glândulas supra-renais) pode ser o elo de ligação entre os estados de humor e as células de defesa do organismo. TRÊS EXEMPLOS DE AUTO-ESTIMA ELEVADA - Mesmo quando esteve por 22 meses, navegando na companhia de pinguins e leões-marinhos do Pólo Norte, Amyr Klink não parous para pensar a quantas andava a sua auto-estima. "Estou de bem com a vida e sou uma pessoa feliz. Não tenho tédio e nem solidão quando estou só. Gosto da minha própria companhia". A bailarina Márcia Haydée também é exemplo de quem sempre fez o que gosta. Dizia que deve tudo ao amor pela dança e o reconhecimento do público e dos amigos: "Fundamental foi perceber que as pessoas me valorizavam". Outro exemplo foi o do sociólogo Herbert de Souza, cujo nome virou sinônimo de solidariedade. Sua resistência às sequelas da hemofilia e do vírus do HIV foi surpreendente, apesar de sua compleição franzina: "Não sou otimista inconsequente, mas otimista ativo", dizia. AUMENTO DA AUTO-ESTIMA PODE SER ESTIMULADO - Os cientistas em 1995 já sabiam que acontecimentos estressantes como a morte de uma pessoa querida ou a perda do emprego podia baixar a eficiência do sistema imunulógico. Na pesquisa feita pelo psicólogo americano Arthur Stone, descobriu-se que os problemas de trabalho são os maiores inimigos. Eles diminuíram o número de anticorpos até três vezes mais do que as preocupações com dinheiro. O psiquiátra Carlos Goulart Brito, do Instituto de Psicoterapia Comportamental, dizia que a auto-estima está relacionada ao nível de expectativa e de realização pessoal. "A baixa alto-estima traz insegurança e produz ansiedade. Isso obriga o coração a trabalhar em excesso, estimulando o organismo a liberar mais adrenalina. Portanto, ocorre alteração no metabolismo, favorecendo o aparecimento de doenças", explicava Goulart Brito. Ele acrescentava que é possível aumentar a auto-estima usando várias técnicas. Uma delas é a auto-sugestão por meio de hipnose. O objetivo é tranformar a energia negativa e, algo produtivo. Outra opção é diminuir o nível de expectativa. Mas o psiquiátra lembrava que auto-estima em excesso pode ser prejudicial. "O indivíduo acredita que é capaz de fazer qualquer coisa", dizia. A psicóloga Sheila Solon dizia que auto-estima não é egoismo nem vaidade. Sea pessoa tem auto-estima, aumenta sua efetividade pessoal, isto é, consegue melhores resultados com menor esforço. Além disso, passa a se preocupar com o bem-estar das outras pessoas. Na opinião da psicóloga, pensar positivo é o primeiro passo para aumentar a auto-estima. "Habitualmente acreditamos em coisas negativas. Não sou bom em matemática, não sei dançar, sou feio, sou tímido, etc. Não se consegue qualidade total sem desenvolver qualidade pessoal. A auto-estima favorece a colaboração e diminui a competição", afirmava. A psicóloga Magda Smangorzevski explicava que a auto-estima é a maneira como se interpreta o mundo. "Sentimentos de raiva, mágoa e culpa são prejudiciais ao organismo". DICAS: - Faça todos os dias algo que lhe traga prazer; - Mova-se. Faça exercícios regularmente; - Faça uma lista de seus amigos. Marque uma hora para conversar com eles; - Descubra maneiras de ter prazer nas suas obrigações. Evite conflitos e faça amigos no seu ambiente de trabalho; - Durante o dia cumpra todos os seus compromissos agendados. Faça apenas o que foi programado; - Aprenda a gostar de você. Todos os dias sente no lgar da sua casa que mais lhe agrada. Durante cinco minutos, feche os olhos e fique em silêncio.
Antônio Marinho & Luciana Froes Jornal "O Globo" 21/05/1995

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